O Alto Preço do Desejo

Não deveria ser nenhuma surpresa a forma com que vigaristas em todo o mundo exploram a nossa falta de maturidade. Tornamo-nos alvos fáceis como pombinhos indefesos em nossa ânsia de entrar em relações sociais, de pertencer à um grupo, ser um amante ou um amigo.

Podemos ilustrar o perigo inerente a essa imaturidade olhando um antigo jogo de dados, o Shooting Craps.

Primeiro, algumas explicações: Cada dado, um cubo, é feito de modo que seus lados opostos totalizem sete, em outras palavras, 6 é o oposto de 1, 5 é o oposto de 2 e 4 é oposto de 3. Isto pode seguramente ser presumido.

No Shooting Craps, um jogador, usando um par de dados, aposta que pode obter um 7 ou um 11 na primeira jogada. As pessoas podem apostar com ele ou contra ele. Se ele tiver sucesso, ele ganha, se der 2, 3, ou 12, ele perde. Se, no entanto, ele joga 4, 5, 6, 8, 9 ou 10, este número torna-se seu 'ponto' e ele joga os dados quantas vezes ele precisa de tanto para obter esse mesmo ponto novamente, assim ele ganha, ou até que saia um 7, fazendo com que ele perca.

Em Nevada, por exemplo, o jogo é legalizado e bem controlado. Em ocasiões imprevisíveis, a mão de um agente de controle de jogo vai surgir do meio da multidão com uma tabela de para pegar os dados antes que o funcionário possa recuperá-los. Um crachá é mostrado, os dados são inseridos em um envelope oficial, que é imediatamente selado e assinado, e os dados são levados para ser testados. Se não estiverem perfeitos, o cassino encara uma investigação e a possibilidade muito real de perda da licença.

A licença de jogo é tão valiosa que os cassinos vão ao extremo para assegurar a integridade de seus dados. Eles não querem "maus" dados introduzidos em qualquer jogo, não só porque podem perder para o jogador (uma perda comparativamente minúscula), mas porque se um agente da Gaming Control Board¹ confiscar os dados, o preço seria infernal. Então, para evitar que dados falsificados sejam introduzidos nos jogos, cada cassino tem o seu logotipo estampado sobre os dados que usa.

Naturalmente, sendo extremamente valioso, o dado que possua um logotipo é armazenado em um cofre de dados do fabricante local. E, claro, é melhor que seja usado somente em dados que são "corretos" ou "quadrados". Só porque os fabricantes sabem como fazer bons dados não significa que eles não saibam como fazer dados "ruins". Ah! Eles fazem muitos destes dados “mágicos”. Alguns deles têm as impressionantes (mas não os registrados em Nevada) logos carimbados sobre eles. Estes dados são enviados para todo o mundo.

Os dados irregulares ou "viciados" possuem quatro variedades: desbalanceados, chanfros, desformes e carregados.

Como o nome sugere, um dado desbalanceado tem um lado convexo. É muito mais fácil derrubar uma cadeira de balanço do que é derrubar uma cadeira cujas pernas são planas contra o chão. Digamos que, dependendo do grau de atrito e curvatura, é cinco vezes mais fácil de derrubar um objeto curvo do que é para derrubar um objeto plano. Considere um cubo de superfície plana (o dado) a rolar na mesa verde de feltro. Se cinco unidades de força são necessárias para movê-lo de seu plano, superfície lisa, ele irá parar sempre que ele possui menos do que as cinco unidades necessárias. Mas se um lado curvo de forma que apenas uma unidade de força seja suficiente para rolá-lo, para parar, será necessário o valor de uma unidade final para virar e revelar a face pretendida.

Os chanfrados, também como o nome sugere, têm uma borda raspada em um ângulo de 45º de maneira a virar com muito menos energia do que é necessário para virar um ângulo de noventa graus.

Os desformes não são quadrados perfeitos. Eles são retangulares, ou seja, são mais longos em uma dimensão do que nas outras duas. Se um cubo perfeito rola no feltro, um lado surge com a mesma probabilidade de outra. Mas com uma forma retangular ele cairá sobre a sua dimensão de maior comprimento, praticamente ignorando suas extremidades curtas ou quadradas. Se você jogar um homem colina abaixo, ele não cairia com as extremidades cabeça/pés, ele cairia com o ventre ou de costas.

Os carregados são os dados fraudados mais famosos e comuns. Dados profissionais têm seus pontos perfurados superficialmente por fora e uma pintura com densidade igual a do plástico é então inserida nos espaços vagos. As cargas são criadas quando as manchas de uma face, geralmente a seis, estão cheios de tinta pesada, com chumbo. A lei da gravidade prevalece e assim como um pedaço de torrada com manteiga caiu geralmente o lado da manteiga para baixo, o pesado lado seis virá para descansar contra o feltro. "Os olhos de serpente", um perdedor, é muito fácil de se conseguir com um par de seis cargas carregados. Três, também um perdedor, pode ser obtido de forma semelhante com cargas de seis e cinco.

Copos para dados facilitam a introdução de dados fraudados em um jogo. O stickman apenas utiliza de habilidade manual para utilizá-los e em meio à encenações teatrais, ele recupera os dados e coloca-os no copo. Os copos para dados são proibidos em Nevada e onde mais o jogo seja responsavelmente controlado.

Para entender o que tudo isso tem a ver com a projeção arquetípica devemos primeiro perguntar: Quem compra esses dados fraudados? A resposta lamentável é, eles são comprados por pessoas a quem nós todos "instintivamente" confiamos. Lembrando que o arquétipo do bom amigo (a sombra amigável) serve como o nosso requisito de confiança - como no sistema de parceiria - podemos ver facilmente que é precisamente a nossa inclinação em confiar nas pessoas certas que cria este mercado. Capítulos individuais de uma enorme variedade de organizações de homens (com e sem nomes de origem animal, incluindo as organizações de veteranos) compram dados fraudados para eventos de angariação de fundos. A "necessidade" não precisa ser tão aparentemente altruísta. Dados são utilizados por sargentos de todo o mundo, comandantes mesquinhos em cada navio da frota de cada marinha, veteranos de casas de fraternidade que fazem seus pagamentos de carro esportivo como dinheiro de calouros ansiosos, navios de cruzeiro, em águas internacionais, que têm a liberdade para entreter seus passageiros com divertimento luxurioso, mas os maiores clientes de todos os clubes são os estrangeiros "hifenados" do tipo "clubes de nacionalidade", o irlandês-americano, o chinês-americano, polaco-americana, alemã-americana. Substitua americano pelo país que você reside. Se eles têm um jogo de dados na "sala dos fundos", pode apostar, os dados são fraudados.

Fritz Doemann, um vendedor de Berlim, vem para Somecity, EUA para fazer negócio. Ele não é um homem maduro. Ele nunca integrou o seu arquétipo do bom amigo.

Embora cansado, Fritz está inquieto em seu hotel. Ele precisa sair e estar entre pessoas. Ele ansiosamente percorre as ruas do centro até que ele vê um sinal que anuncia que chegou ao Clube da Amizade germano-americano. Fritz não pode resistir ao chamado. Ele entra e é imediatamente recebido por um sujeito jovial que fala sua língua e acolhe com carinho despudorado. Fritz se alegra.

Generosamente, seu anfitrião leva-o ao bar e compra a primeira rodada de cerveja alemã genuína. O desprezo comum é a liga pra a camaradagem, e seu anfitrião opina:
-"Cerveja americana! Ugh!"
-"Ja. Ja. Ha. Ha.". Fritz concorda, acrescentando:- "A água que minha esposa usa para lavar pratos tem sabor melhor".
-"Ja. Ja. Ha. Ha.". Confirma o seu anfitrião, sem perguntar sobre as ocasiões em que Fritz bebe água de lavar pratos.
Claro, Fritz pode nunca ter provado a cerveja americana, mas ele será incapaz de abster-se de criticá-la. Mas ele precisa se conectar a um amigo, e ninguém sabe disso melhor do que o seu anfitrião.

Por quinze minutos conversam coisas em alemão. E, em seguida, seu anfitrião, cheio de bondade no coração, pisca mantendo o dedo indicador sobre os lábios, sinalizando uma conspiração entre verdadeiros amigos e depois disso ele diz a Fritz que vai fazer-lhe o favor de conseguir o ingresso para alguma atividade. Fritz vai se sentir a mais sortuda das ovelhas no cristianismo, enquanto vai para a tosquia.

Especialmente no período crítico da adolescência, um arquétipo de "herói" não projetado tende a reduzir a auto-estima e a confiança de um indivíduo. Desmotivado e inquieto, o jovem vê sua vida destituída de propósito ou significado. Ele fica à deriva, agarrando-se desesperadamente aos de seus amigos que também faltam a inspiração necessária para alcançar o sucesso, mesmo que de forma modesta. No entanto, uma vez que este jovem encontra um modelo inspirador em quem projetar seu "herói", ele pode se tornar um homem direcionado. Desafiado por seu herói, ele entra em uma competição, então concentra-se nas práticas de determinados acordes de guitarra, ou desenvolve programas de computador, ou acorda de madrugada para correr 10 milhas, ou comunica aos seus pais boquiabertos que os seus receios sobre a sua entrada no mundo do crime não foram inteiramente sem fundamento: ele acaba de decidir se tornar um advogado.

Claro, caso seu espírito esteja pronto, mas a sua carne sem talento, sem apoio financeiro, ou muito suscetíveis aos encantos dos velhos hábitos, ele pode deixar o seu sonho heróico ter uma morte ignóbil. Se o destino não for muito cruel ele vai tranquilamente recuar para o refúgio dos espectadores e se tornar um daqueles mestres tuberosos da fina arte da participação vicária, um viciado em televisão.

Mas mesmo se ele aceitar o desafio, perseguirá o seu sonho e se tornar um advogado competente, e pode não ter necessariamente integrado o nível anterior de projeção do "herói". Espiritualmente, ele ainda pode acreditar em contos de fadas. Ele pode acreditar, também, que não importa o quanto ele erra, um simples pedido de desculpas vai acertar as coisas e que ele pode sempre contar com a boa vontade e os recursos de seu padrinho mágico para acertar as coisas. Ele provavelmente estará enganado.

Cada nível de projeção do "herói" é mais do que uma área de preparação para o próximo nível. Na verdade, o Trickster² é o suporte para o Super-Homem, que é a plataforma de lançamento para o Herói Humano, que, por sua vez, baseia-se no que se encontra o Salvador. Cada nível básico deve ser destruído no processo de lançamento.

Não é o suficiente deixar de acreditar na realidade do Pernalonga. Nós também temos que entender que a ética do "Trickster" não funcionará no nosso mundo mais do que os métodos "Trickster". Não podemos roubar cenouras do agricultor e não podemos evitar a justiça sendo engraçadinhos e empurrando o agricultor de um penhasco.

Não é suficiente deixar de acreditar em Super-Homem. Não podemos continuar a transferir o controle de nossas vidas para heróis de capa. Não podemos depender de espíritos errantes ou estrelas para explicar e dirigir os nossos destinos. Estrelas e espíritos não podem fazer o que somos obrigados a fazer por nós mesmos.

E, certamente, não podemos abordar o Bodhisattva/Salvador se idolatramos outro ser humano.

Podemos indicar o nível de maturidade espiritual de uma pessoa com facilidade, observando o nível em que ele projeta seu arquétipo do "herói".

A experiência a seguir nos dará um expemplo:

Eu estava certa vez associada à um grupo Zen que, tendo iniciado com uma sala de reuniões, tornou-se muito grande e alugou espaço de um grupo religioso New Age³. Outros pequenos grupos souberam e também sublocaram a sala, de forma que ela estava ocupada todas as noites. A decoração da nova sala de reuniões era agradável e discreta, ideal para palestras formais, discussão e meditação.

Inicialmente, os diferentes grupos de inquilinos pareciam ser de convivência agradável. Nenhum deixava traços de sua atividade. Mas logo as paredes nuas da sala começaram a encherem-se com cartazes de animais fofos com legendas bonitinhas. Uma era um gatinho com patas em gesto de oração que dizia: "Eu não sou perrrrfeito mas Deus me ama". Um cordeiro, olhando timidamente, aparece sobre a legenda: "Mesmo quando você está beeeeeeeem mal, você é o precioso cordeiro de Deus". Unicórnios de pelúcia, de cerâmica, e cera apareceram sobre nas mesas, e então lá se materializou em uma noite uma grande estrutura piramidal azul. Ela pendia na luminária no centro da sala e canalizava através do ápice as energias dispersas das galáxias próximas ou pelo menos é o que nos diziam. Na semana seguinte, apareceram nos quatro cantos da sala cristais de quartzo que apontavam para o centro, que tinham a intensão de conduzir as cargas cósmicas para encontrar com chuva vertical de energia vinda da pirâmide. Apesar do perigo, cadeiras foram posicionadas nas proximidades, enquanto uma varinha, coberta de estrelas, e de função incerta, presumivelmente, estava pronta para direcionar as energias celestiais para onde quer que fosse necessário.

Como se tudo isso não fosse suficiente para abrir a moleira do cético mais obstinado e por seus plugues em harmonia com o firmamento, também apareceram placas e outras representações das constelações zodiacais, um busto de Cleópatra, um obelisco, alguns convites psicografados para testemunhar a transmissão do canal da voz de um filósofo morto e vários retratos de anjos brancos que, até onde se sabe, faziam de livros, epístolas e outros instrumentos de esclarecimento e aparecem em aparadores e mesas de café da manhã das pessoas.

Quando dezenas de corações de papel vermelho brilhante foram colados às paredes, portas e espelhos ("para lembrar as pessoas da importância de amar"), os zen budistas reclamaram e foram convidados a sair.

Justiça seja feita, os praticantes New Age são muito sinceros em suas crenças que, afinal, são pressupostos e explicações semi plausíveis e sedutoras. Eles alegam que as pirâmides são as formas geométricas mais estáveis ​​de todas, e quem pode questionar? Os testemunhos são dados por pessoas com credenciais científicas, os que estiveram dentro de uma pirâmide egípcia, descrevem de forma convincente as "vibrações incrivelmente fortes" e outros efeitos da radiação interestelar. Eles ouvem sobre Marconi⁴, ondas de rádio, e a receptividade dos cristais. Parece fazer sentido. Mas algo os limita em suas crenças sujeitando-as a qualquer tipo de escrutínio. Imaginamos como eles podem ser tão interessados pelo Egito histórico sem pensar na história do Egito. Como não sabem, como todo estudante sabe, que depois de os sírios invadiram o Egito no século 7 a. C., os persas chegaram no século 6 a. C., os greco-macedônios, sob o comando de Alexandre O Grande, no século 4 a. C. (será que se esquecem de que Cleópatra era da macedônia e de ascendência grega?) Os romanos na época de Cristo, (será que eles lembram Marco Antônio e Júlio César?) As invasões árabes do século 7, os franceses, os turcos e, finalmente, os ingleses (eles não viram Lawrence da Arábia?). Só depois da Segunda Guerra Mundial quando o Egito passou ao comando do Presidente Nasser é que foi verdadeiramente Governado por um egípcio. Como foi que aconteceu que o Egito, o centro absoluto do poder da pirâmide, teve que ser arrastado por dois milênios e meio antes que ele encontrasse forças para se sustentar em sua própria base política?

Quando ao poder dos cristais, eles sabiam que os seus vinham da América do Sul. Como não sabiam que haviam sido extraídos por trabalhadores explorados -- homens que morrem pobres, jovens, e com pulmões cheios de poeira. Se é possível canalizar energia cósmica benéfica por cristais, os homens que as extraíram viveriam depois dos quarenta e seriam donos das camas onde morreriam.

Este grupo New Age era composto de pessoas decentes e inteligentes cujo desenvolvimento espiritual estava preso a um nível de quadrinhos, algures entre o Trickster e o Super-Homem. Animais ensinam-lhes a sua ética, e a lição era sempre a mesma: Está tudo OK se falhar. Se você é sincero em seu desejo de melhorar, você será perdoado. (Coyote!⁵) Este era o seu limite inferior. Seu limite superior era o Super-Homem/Herói marcado por sua dependência dos espíritos, magia, astrologia, pseudociência e outros para alcançar seus objetivos nebulosos.

Presa entre o Trickster e o Super-Homem, a consciência de uma pessoa não pode se expandir o suficiente para avaliar a verdadeira extensão do seu conhecimento. Ela não sabe que não sabe. Ela diz: "Aha!". E, como um aluno com um palpite, acredita que sabe tudo. Mera coincidência é facilmente elevada a revelação divina. Ele é energizado por sua "descoberta". Sua razão é consumida em um flash intuitivo. (Este é um dos efeitos colaterais peculiares de uma experiência de meditação genuína.) Infelizmente, as cinzas desta combustão são muitas vezes o fertilizante emocional que alimenta o fanatismo, a convicção presunçosa e a necessidade de fazer proselitismo.

Como acontece com todos os grupos de crentes, este grupo New Age teve sua noite de escuridão da alma. Dias terríveis vieram quando o temido efeito Vértice de alinhamento planetário interferiu no fluxo cósmico. Cataclismos foram previstos para Sua Mãe Terra. Felizmente, o tempo todo e eles oraram Ela foi salva.

Podemos nós, almas sofisticadas, repousar otimistas sabendo que estamos em segurança, acima das disputas supersticiosas? Estamos certos de que fomos vacinados permanentemente contra qualquer mumbo-jumbo⁶ de vudú e outras de infecções paranormais? Vamos considerar o velho conto do caixa do banco sortudo:

Um dia o Sr. Samuel P. Doe recebeu uma estranha carta, sem assinatura pessoal, que dizia:

Querido Sammy,
Você não me conhece, mas eu sei muito bem que é você. Eu nunca tinha nada para lhe dar, então eu sempre tinha que ficar em segundo plano. Mas algo maravilhoso aconteceu comigo recentemente.
Sammy, me foi dado o dom da profecia. Eu tenho vislumbres do futuro. É uma dádiva religiosa então não posso usá-la para benefício próprio. Mas eu posso usá-la para beneficiar você. Tudo que peço é que você não conte a ninguém sobre isso.
Sábado à noite haverá uma luta de boxe entre Smith e Jones. Sammy, eu vi o futuro. Smith vai ganhar. Aposte tudo o que você puder em Smith e você vai fazer algum dinheiro. Isso me fará muito feliz.
Assinado: Alguém que se importa.

Sr. Doe disse a ele mesmo não acredita em tal absurdo, mas quem é esta pessoa que o tem observado? Por que ele enviar tal carta? Não haviam solicitações. O escritor não pediu nada. Por que ele é tão paternal? Ora essa!

Sr. Doe resiste ao impulso de jogar a carta no lixo. Um ou dois dias depois, ele coloca uma aposta em Smith. Ele mal pôde se conter, quando, no sábado à noite, ele assiste o vitorioso Smith erguer cinturão dos Campeões. O que o Sr. Doe fez com o dinheiro no momento é relativamente sem importância. Ele se sente "o Escolhido". Ele ousaria crer que é próximo de alguém que tem uma via direta com Deus?

Na semana seguinte, ele recebe outra carta do mesmo benfeitor. Esta carta lhe informa que no domingo, na liga de futebol profissional, no jogo entre Doninhas e Leopardos, vencerão os únicos com manchas. Apostar fortemente, assim ele foi aconselhado. O Sr. Doe poderia deixar de salivar quando os Leopardos ganharem devolvendo-lhe oito dólares por cada três que ele apostou? Com seu salário, levaria meses para ganhar a quantia equivalente. Mais, este dinheiro é todo seu. Ele não precisa compartilhá-lo com ninguém. E é livre de impostos! O presente é uma cornucópia.

E na semana depois da libertação de ver sua sorte em mais uma epístola. Aposta que os Carbuncles levarão o Diamondbacks na competição de domingo! Sr. Doe fica delirante em ver como ele secretamente retira poupança de sua vida. Ele se vê velejando, sem benefício de cônjuge, em Bora Bora ... em Singapura? Não, Monaco.

Os Carbúnculos saem vitoriosos e ele renova seu passaporte e recebe cada vez mais dinheiro. Com um pouco mais de apostas ele será capaz de viver como a realeza. Afinal, ele não foi inderetamente escolhido por Deus?

Como ele treme quando, uma semana depois, em vez de um vencedor certo, ele recebe as seguintes notas:

Querido Sammy
Acabo de receber más notícias de meu médico. Meu intestino grosso precisa ser operado ou então eu vou morrer em poucos meses. Como você sabe, Deus é a fonte de minha vida, eu fiz voto de pobreza terrena. Eu não tenho os 20 mil dólares para custear a cirurgia e a recuperação. Quero viver só para poder continuar ajudando você. Então, se você tiver o dinheiro de reposição e quer pagar por minha operação, acabaria com meus problemas. Basta enviar um cheque fechado para mim no endereço caixa postal. Mas se você não pode dar ao luxo de me ajudar, não se preocupe. Morrerei feliz sabendo que de alguma maneira fui capaz de ajudá-lo.
Assinado: Alguém que sempre se importou.

Quem poderia deixar de enviar este cheque? Quem duvidaria que este benfeitor possuia poderes sobrenaturais? Não era evidente que ele tinha em mãos segredos guardados a sete chaves? O Sr. Doe dificilmente pode ser responsabilizado por se apressar em ajudar o Seu Ganso Dourado.

Como ele poderia saber se seu benfeitor seria um vigarista inteligente que veio à sua cidade, valeu-se da lista VIP da Câmara de Comércio, da lista de membros de vários grupos profissionais, das colunas sociais, da lista telefônica, e elaborou uma lista de cinco mil nomes. Ele disse então para dois mil e quinhentos pessoas que Smith seria o vencedor. Os outros dois mil e quinhentos mil foram informados de que Jones venceria. Quando Smith ganhou o último, ele descartou o primeiro grupo e o dividiu em dois. Ele, então, disse a mil e duzentas e cinquenta pessoas que ganhariam as Doninhas e aos outros mil duzentos e cinquenta os Leopardos ganhariam. Quando os Carbúnculos ou o Diamondbacks venceram, ele havia 625 fanáticos "crentes" dispostos a enviar-lhe milhares de dólares.

Ninguém pode ver o futuro. Nós casualmente aceitamos isso, mas não podemos realmente acreditar até tenhamos sacrificado o nosso Super Homem arquetípico e dado funeral apropriado ao herói que ele é. Na sua falta, não sabemos se ele nunca vai ou quando se levantar irá se projetar sobre o "Alguém que se Importa".

Transições de níveis de herói são, geralmente, angustiante. Uma criança, normalmente vive no nível do Malandro, acredita em Papai Noel e coelhinho da Páscoa. Quando ele é mais velho e entra na escola, seus colegas um pouco mais velhos zombam dele por tais crenças infantis. Ele estará ferido, envergonhado e confuso. Pode ser verdade que seus heróis não existem mesmo? Oh, ele foi enganado! Foi a mamãe que encheu a cesta de Páscoa. Foi papai de roupa vermelha. Ele ficará de mau humor até que alguém pergunte se seria melhor ele ser o Super-Homem ou Homem-Aranha. Wow! Felizmente, ele faz e defende sua escolha. Ele considera e aceita como verdadeiras as batalhas interplanetárias que vê na televisão. Para ele Klingons e Clark Kent realmente existem. Ele se maravilha com o sobrenatural. Ele acredita em fantasmas e magia, se sente seguro com seu pé de coelho e desenha círculos no chão para manter os maus espíritos afastados. Muito antes que se imagina suas crenças serão novamente submetidas a crítica por seus colegas, e se ele aceita a existência de homens alados ou veteranos marcianos de guerra, ele enfrenta o ridículo e a calúnia. Amaldiçoando sua estupidez, ele novamente encontra a dor e a confusão, até o bendito dia em que é salvo pelos gostos de Tupac Shakur⁷ ou Johnny Unitas⁸. Sentir a batida do rap ou rock and roll ou um bom passe de bola permite a ele sentir-se novamente parte da raça humana. Agora seus heróis são humanos, mas ele vai fazer o que poder para torná-los divinos.

A projeção do "Homem-Herói" vai mostrar-se na forma de devoção a um professor, artista, atleta, político, e assim por diante, e é, em muitas vezes, uma devoção fanática. A pessoa que projeta sente seu coração acelerar quando seu Guru ou Roshi ou candidato presidencial ou Prêmio Nobel entra na sala. Um devoto vai ficar na chuva por horas para ouvir sua 'Diva', assistir seu guitarrista favorito cantar ou tocar. Quando uma estrela se aposenta e homens crescidos choram em seu discurso de despedida. (Havia uma multidão assim no calvário?).

Para uma ilustração final do preço que pagamos por não nos libertarmos da necessidade de se apegar à outras pessoas, vejamos Jesse Doe, 44 anos de idade, engenheiro, pai divorciado de dois filhos.

Uma vez que sua ex-esposa e os filhos vivem em outro estado, Jesse mantém um pequeno apartamento, e em meio ao aluguel, o carro e os pagamentos de pensões, sua existência paira em torno do nível da pobreza.

Ele é mais do que amargo. Diariamente, ele diz para si mesmo: "Aqui estou eu, a minha vidinha de dois terços já vivida. Trabalhei por muitos anos e o que eu tenho para mostrar? Nada. Meus filhos jogam softball com o estranho que está vivendo em minha casa, dormindo com a minha mulher, comendo em minha mesa. E eu me sento aqui assistindo televisão sozinho como um despejado". Com o passar dos meses, o seu descontentamento se aprofunda.

Jesse Doe tem um barbeiro que é um cristão "renascido". E entre uma tesourada e outra diz: "Irmão, até que você deixe Jesus entrar em seu coração, você está condenado à miséria. Venha comigo a um encontro de reavivamento. Você não vai se arrepender".

"Não", diz Jesse. E não é da boca para fora. Ele teme ir cortar o cabelo por causa do discurso evangélico que acompanha as tesouradas.

Então, uma noite, quando Jesse se senta diante da TV, o barbeiro bate à sua porta com uma proposta que ele não pode recusar. "O maior pregador do mundo está falando em uma tenda perto da cidade. Venha comigo e eu juro que no momento você não quiser mais ficar lá, sairemos sem discussão. Não só isso, mas eu prometo que eu nunca mais vou falar de religião com você, nunca mais."

"Um futuro calmo cheio de cortes de cabelo, e tudo pelo preço de um passeio rápido com o barbeiro". Jesse topa.

Apertam-se para entrar na tenda super lotada. A entrada é ornamentada com trilhas iluminadas. A banda toca e até mesmo no estacionamento Jesse recebe os benefícios táteis das ondas sonoras de saberoria. A música, assustadoramente familiar, evoca lembranças da inocência da infância e tempos de simplicidade. De antes de o mundo se tornar podre, antes de saber o peso pela responsabilidade e do alto preço de um coração inconstante.

Em meio à aquele ambiente acolhedor e às músicas, alguém lhe dá um tapinha no ombro e o chama de irmão. Uma senhora gentilmente estende uma bandeja de biscoitos para ele e o chama filho. As pessoas são amigáveis​​. E os cheiros de pães de canela e café pairam no ar. Sem falar na música! Logo, Jesse está cantando e batendo palmas e seus pés batem no ritmo de hinos que ele não tinha ouvido há décadas.

E então as luzes se apagam e um holofote brilha sobre um homem em um terno branco que vem para o palanque com o Livro na mão, um sujeito que fala com um tom sedutor, que permite que sua voz sensualmente envolva palavras de ordem enquanto sua língua lambe um novo significado em clichês velhos e ultrapassados, que gira e se estende, que aponta e julga. Jesse está tão encantado que quando o pregador pede às almas dedicadas para levantar as mãos e gritar Aleluia, ele atende sem hesitação.

Ele se junta a igreja de seu barbeiro e entra no que parece ser para ele uma nova vida, um amor puro e cheio de vida. Ele diferencia facilmente o amigo do inimigo, o bem do mal e a verdade da mentira. Ele finalmente vai saber quem são seus inimigos, aqueles que foram responsáveis ​​por seus fracassos. Ele irá identificar Satanás e seus asseclas: as mulheres que criam luxúria; os companheiros ímpios que desejam desviá-lo do caminho com álcool, os comerciantes, empresários e políticos, cuja ganância não pode ser saciada. E ele generalizará casos particulares, em um frenesi de exemplos.

Tão certo quanto olhamos para o leste para ver o nascer do sol, em breve ele tomará como seu inimigo alguma outra religião ou seita, outra nacionalidade ou raça, classe econômica ou grupo politicamente ativo. Um que tenha sido convenientemente apontado pela sua nova igreja. Os líderes religiosos precisam identificar grupos inimigos porque precisam evitar questionamentos internos. Eles precisam evitar que seus paroquianos projetem as suas sombras uns sobre os outros, e a maneira mais eficiente para evitar esta catástrofe organizacional é direcionar a sombra individual de cada um para fora da congregação, para lançá-los coletivamente em cima de algum grupo estranho "ameaçador". O ódio comum é a liga que mantém estas congregações unidas.

Jesse Doe vai se familiarizar e cumprimentar os membros da igreja com carinho despudorado. Animado para liberar os seus deuses reprimidos e ansioso para adorá-los, ele vai testemunhar o poder de Deus Todo-Poderoso em todas as oportunidades e nunca mais vai suspeitar que a sua conversão, obviamente a religiosa, está longe de ser espiritual, ou que as mudanças ele está passando, apesar de drásticas, não são nem profundas nem permanentes.

Seria o destino de Jesse diferente se ele tivesse ido a um Zendô em vez de uma igreja? De forma alguma. Nunca é demais repetir: O céu e o inferno existem e existem aqui e agora e em nossas mentes. A menos que sejamos decapitados, trazemos nosso céu ou nosso inferno conosco onde quer que vamos. Quem se atreve a entrar em uma sinagoga, uma mesquita, uma catedral ou um templo com a intenção de gratificar seu ego, aquele patrono do inferno? Só um tolo miserável entraria num lugar santo, a fim de ser visto e admirado, fazendo uso de alguma estratégia de um dos "Seis Mundos Infernais" para ganhar status para si mesmo. Pessoas que se juntam em grupos Zen juntam-se frequentemente pelas mesmas razões que ingressar em qualquer clube. O prejuízo é minimizado de à medida que eles admitem que não estão lá por razões espirituais.

Então Jesse era um homem mudado, mas as projeções arquetípicas que instigaram as mudanças foram projetadas para uma pessoa jovem, em amadurecimento. Jesse era uma pessoa tão madura quanto subfinanciado. Ele havia projetado o arquétipo do bom amigo nos membros da igreja quando já não precisava mais de um pool de genes ou da segurança do sistema da amizade, ele havia projetado o arquétipo do herói no pregador quando estava na necessidade de um Salvador, não de um diretor social ou treinador moral, e, é claro, em vez de aceitar a responsabilidade por seus próprios fracassos, ele tinha lançar a culpa sobre o passado e o futuro em suas Sombras antagonistas recém-identificadas e adotadas. (Se ele tornar-se sexualmente atraído por uma "irmã" da igreja, ele teria encontrado-se diante de um conflito arquetípico completo). Seus novos anexos não vão fazê-lo feliz, pois eles só presenteiam-no com mais obstáculos para superar, mais laços para desatar e mais decepções.

Jesse ainda tem que aprender que a felicidade nunca deve ser pensada consistindo em qualquer coisa fora de si: em uma pessoa, em qualquer lugar, em qualquer coisa. Em sua igreja ou fora dela, ele ainda é uma criatura dependente. Ele deve se tornar um indivíduo completo em si mesmo. Assim como um bom professor, que procura relações de respeito com seus alunos, mas não permite que eles se tornem emocionalmente ligados a ele, um bom caminho, embora preveja o apoio ocasional de companheiros de viagem, não se destina a fornecer os amantes e amigos.

Deixemos Jesse no nível básico da religião, adorando falsos ídolos do Samsara. Antes que ele se torne espiritualista e encontre a verdadeira escada mística do cristianismo, ele provavelmente vai se tornar completamente desiludido e revoltado com a religião e a vida e encontrar-se no pântano.

Sonhos e Visões

Por mais terrível que seja ter um arquétipo não projetado rondando nossa mente, é pior ainda projetá-lo sobre alguém que o rasga em pedaços e o atropela. Uma criança desleal pode infligir ferimentos mais do que uma legião de demônios, e como todos nós podemos atestar, parece mais fácil de olhar nos olhos de uma cobra de capuz do que olhar no rosto de um amante pérfido.

Sempre que uma ligação é quebrada sem o nosso consentimento, seja por morte ou infidelidade, ou sempre que sofremos danos ou falha grande o suficiente para cancelar a nossa segurança e destruir a nossa esperança, nós choramos amargamente e sozinhos. A mão confortadora de Deus não parece estar em qualquer lugar perto de nós. Nos sentimos vazios, isolados nas trevas, cheios de dor para a qual não há anódina. No entanto, Deus está lá para nos ajudar. Precisamos aprender a pedir ajuda e como recebê-la em qualquer maneira que Ele lhe dá.

Um homem certa vez foi à um Sacerdote Ch'an para pedir ajuda para desvendar o significado de uma visão.

-"Isso aconteceu há vários anos". Disse ele. "Acordei no meio da noite e encontrei meu pai, que havia morrido anos antes, ao pé da minha cama. Eu o vi tão claramente como eu estou vendo você. Falei com ele, mas ele desapareceu antes que ele tivesse chance de responder. Eu quero saber, o que ele estava tentando me dizer?"

-"Seu pai não estava tentando lhe dizer alguma coisa". Respondeu o sacerdote. "Seu pai estava morto".

-"Mas eu o vi!". Protestou o homem.

-"Tenho certeza que você o fez". Respondeu o sacerdote. "Mas QUE você viu É a mensagem e sem saber seu histórico, eu posso deduzir três coisas: a primeira, que você amou muito o seu pai, segunda, que no momento em que teve a visão que você estava em aflição pessoal profunda, e três, que depois você se sentiu muito melhor ".

O homem confirmou todos os três palpites. Ele estava indo à falência no momento da visão e ficou muito ansioso e deprimido, e, de fato, ele tinha recuperado a compostura depois da visão.

"Sem dúvida", disse o sacerdote: "Você estava orando pela ajuda de Deus. Bem, Deus respondeu suas orações. Você viu com seus próprios olhos que seu pai, a única pessoa neste mundo que poderia confortá-lo e tranquilizá-lo, estava lá cuidando de você enquanto você dormia! Não importa o problema que você enfrentou, seu pai ainda estava de pé ao seu lado. Claro que se sentiu melhor! Quem diria não? Uma verdadeira experiência espiritual produz euforia! durante meses depois, você pode sentir que esta felicidade. Problemas financeiros não parecem importantes quando você está em um estado de graça. Que coisa maravilhosa que Deus fez para você! Agora, " perguntou o sacerdote, "Diga-me o que você esperava quando você orou pedindo ajuda? Você acha que Deus iria escrever-lhe um cheque e deixá-lo na mesa da cozinha?"

Todas as visões são importantes e merecem consideração. Mas não devemos fazer de um homem uma celebridade porque viu a Virgem Maria de pé pela rodovia e outro um pária porque ele ouve o diabo falando com ele em um rádio de ondas curtas. Sim, como neste intercâmbio entre o homem e o sacerdote, estamos certos de interpretar visões agradáveis como terapêuticos, de certa forma, sinais de resolução de conflitos e nós estamos corretos em considerar uma visão desagradável como descrição de derrota ou desintegração, como um sinal de agravamento de turbulência emocional. O problema é que geralmente a pessoa que teve uma visão assustadora teve outras menos problemáticas antes, ou pelo menos apresentou outros sinais de aflição que optamos por ignorar. Os sinais de perigo tornam-se cada vez mais escandalosos até que alguém finalmente dá atenção a eles. Quando o diabo começa a fazer discursos em o ondas curtas pegamos o ouvinte, drogas farmacêuticas e terapias de choque e tentamos nos comunicar com uma psiquê que neste ponto, está em ruínas. Às vezes, quando um problema é pequeno de atenção é tudo o que é necessário para resolvê-lo. (Será que não podemos fazer isso uns com os outros?).

Sonhos servem para uma variedade de coisas. Eles regulam o equilíbrio psíquico de uma pessoa, ele alerta para os perigos de um curso que tenha realizado, ou mesmo levá-lo para explorar novas soluções para um problema difícil.

Em sonhos de compensação, de restauração de equilíbrio, uma pessoa que foi humilhada por alguém que ele admira pode sonhar que é elogiado ou ser amigo com um de seus heróis, talvez uma estrela de cinema ou um atleta, assim o sonho ajudará a restaurar a sua auto-estima. Da mesma forma, se em alguma ocasião uma pessoa foi excessivamente arrogante, pode sonhar que um de seus heróis despreza-o, e o sonho terá um efeito inquietante. Assim, sonhos compensatórios servem para moderar os extremos de orgulho de nosso ego ou degradação.

As premonição em sonhos pode ser encorajar pessoas a prosseguir por um determinado curso de ação ou para ser avisado contra uma determinada situação. O sonho pode preveni-lo sobre alguém ou pode induzir que alguém seja visto sob uma luz mais favorável. O sonhador será influenciado. Se ele age de acordo com o sonho, ele se sente tranqüilo. Se ele age contra o conselho do sonho, ele se sente ansioso.

Além disso, uma pessoa que luta contra um problema, intelectual ou emocional, poderá encontrar uma pista para a solução em um sonho.

Ao avaliar sonhos, devemos lembrar que o Self, o diretor dos sonhos, tem acesso aos dados coletados de uma variedade de fontes despercebidas pela consciência.

Pesadelos clamam por interpretação e qualquer um que os experimente é aconselhado a procurar ajuda profissional para determinar o seu significado.

Em nossos sonhos nossas roupas (ou a falta deles) normalmente representam uma avaliação da nossa Persona enquanto a casa em que nos encontramos representa a condição do nosso ego. A maioria das pessoas acham que antes de serem salvos espiritualmente sonham estar em um edifício em ruínas. Às vezes, o edifício tem uma fachada agradável, mas uma vez lá dentro, o sonhador se vê em uma cena de guerra. Quando ele é salvo e se mantém no Caminho, ele se vê em uma habitação luxuosa.

As mensagens dos sonhos raramente são verbais. Normalmente, as metáforas são usadas. Por exemplo, se em seu discurso todos os dias um homem diz que "chutou o balde", quando se referindo à morte, então, quando ele sonhar que seu tio John chuta um balde que estava na calçada, ele provavelmente sonhou que seu tio John morreu. Curiosamente, um sonho de morte real (não-metafórica) em que o sonhador vê a sua morte ocorrida em uma determinada data, ou vê sua lápide, etc, muitas vezes anuncia a data de seu satori. É como se o ego, mas não o homem, estivesse programado para morrer.

Sonhos repetitivos chamam a atenção do sonhador para um problema psicológico que ele deve resolver. Se ele não pode interpretar a linguagem simbólica por si só, ele deve procurar a ajuda de um analista junguiano ou psicólogo. Além disso, os sonhos podem ter uma natureza cronológica, que marca um evento significativo na vida do sonhador. Às vezes, se o evento foi doloroso, o sonhador pode não estar consciente do evento porque sua memória foi gentilmente apagada. Um complexo de associações podem ter constelado em torno do evento, criando um "bloco" que provavelmente irá precisar de ajuda profissional para desvendar.

Cenários de sonhos e seus vários adereços têm um significado que varia de indivíduo para indivíduo. O que é um objeto ameaçador para uma pessoa pode ser uma ferramenta útil para alguém. Um local que uma pessoa associa com a paz, outro pode associar com terror.

Podemos ver que tais significados são muito subjetivos, sendo inútil a análise casual de sonhos. Só alguém que esteja familiarizado com os vários símbolos universais do sonho e que seja capaz de verificar metáforas específicas, associações, definições do sonhador, e assim por diante, pode eventualmente auxiliar na interpretação de um sonho. Livros dos Sonhos e congêneros são mais do que inúteis, podem ser perigosamente enganosos.

A classificação mais importante dos sonhos, o sonho arquetípico, é aquele associado com o que Jung chamou de Individuação, o processo pelo qual um indivíduo adquire independência, o não-apego. Sonhos arquetípicos ou visões são verdadeiras experiências espirituais e como tal são psiquicamente energizante e produzem uma euforia de longa duração. Muitas dezenas destes ocorrem durante o processo de individuação.

Ao estudar os sonhos e mitologias Jung foi capaz de descobrir que os padrões de comportamento instintivos estão representados na nossa mente inconsciente por certas formas universais ou imagens que ele chamou de símbolos. Esses símbolos aparecem para nós em estados de meditação profunda, em visões espontâneas, e nestes sonhos raros mas poderosos. O cenário, adereços, personagens e ação nestes sonhos são extremamente vivos e completamente inesquecíveis. Anos mais tarde, o sonhador é capaz não só de lembrar os detalhes, mas a repetição do drama com a mesma sensação de deslumbramento.

Além de aparecer como deuses em forma humana, instintos podem se representar como animais ou mesmo objetos inanimados. Por exemplo, o arquétipo da mãe não só pode aparecer como uma deusa da terra ou rainha celestial, mas ela também pode aparecer como uma tigela sagrada ou barca, ou como um animal, normalmente uma vaca ou alguma outra criatura que dá leite. No Oriente muitas vezes ela aparece, sem dúvida por causa de seu poder e graça, como um grande felino, geralmente um tigre ou uma pantera.

O Self, embora geralmente visto como uma luz ofuscante ou como um valioso diamante ou pepita de ouro, pode aparecer em sonhos ou visões meditativas na forma humana de um deus, deusa, senhor do Chakra, ou agente divino, como um anjo ou um dos quatro Reis direcionais; de uma forma animal, como um cavalo branco ou elefante, ou em uma representação geométrica como uma mandala, um yantra, ou uma esplendido padrão de cores caleidoscópicas envolvendo círculos, triângulos ou quadrados.

A alucinação do som não é menos significativa. Além de certos "ruídos brancos", tais como zumbidos, que muitas vezes ouvimos em meditação, pode haver explosões de som que parecem funcionar como mensagens de "anunciação", sinalizando que em breve atingirá um importante objetivo espiritual. Como este evento auditivo, chamado de Shabd Sagrado ou Nahd, é muito mais fácil de descrever do que explicar, eu vou simplesmente relatar minha próp ria experiência. Eu estava acordada às 4:00 da manhã e ouvi o som de um trompete distante e o vento assobiando nas árvores. Sentei-me e senti que o som ficava mais alto. Logo, o vento atingiu a casa como um furacão e o ressoar do trompete tornou-se um guincho de microfonia. Cobri meus ouvidos com as mãos para bloquear o barulho doloroso. Meu tímpano direito estourou. Fluido escorreu por entre meus dedos e pelo meu braço. Em seguida, o som e o vento pararam. Olhei para o relógio e senti que meu braço estava perfeitamente seco, é claro.

[1] Órgao de controle de jogos.
[2] Figura das mitologias indígenas Américas e dos povos Euro-Americanos que pregam peças, quebram regras. Chamado também de "o Malandro"
[3] New Age ou Nova Era é o nome genérico dado a grupos espirituais que envolvem, geralmente, a fusão de muitos ensinamentos metafísicos de influência oriental, de linhas teológicas, de crenças espiritualistas, animistas e paracientíficas.
[4] Guglielmo Marconi, físico e inventor italiano estudioso das ondas de rádio.
[5] Personagem de desenhos animados.
[6] Expressão da língua inglesa utilizada para designar qualquer fato ou situação sem sentido.
[7] Tupac Amaru Shakur, rapper norte-americano.
[8] John Constantine Unitas, ex-jogador profissional de futebol americano.

Página Anterior   Índice    Próxima Página