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Início : Literatura : O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
 » Os Seis Mundos do Samsara [Capítulo 6, Página 3 de 3]
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Kannon (Guan Yin)

O espaço entre o sexto mundo e o sétimo

Estes, então, são os três possíveis destinos que confrontam alguém que desceu ao Pântano. Ele pode voltar para o Samsara, cauterizado, estático e de alguma forma mais desesperançoso e menos espontâneo do que ele era antes. Ou, se todos os meios terapêuticos falharem e ele voltar para suas formas auto destrutivas, ele pode recomeçar sua carreira no Pântano até que obtenha sucesso em destruir-se totalmente.

Ou, num precioso momento de lucidez, ele pode discernir o óbvio e ver que a vida é simplesmente muito dolorosa e amarga e que afinal de contas, depois de todos esses anos tentando, ele falhou completamente em diminuir a dor ou em adocicar a experiência. Esta conclusão deve ser alcançada; e se não importa quanto tempo uma pessoa leve para chegar a ela, ou o quanto ele tenha sofrido antes de chegar a ela, ou mesmo quantos crimes ele tenha cometido enquanto não a achava. Importa apenas que ele chegue a esse entendimento.

Se ele se encontra em dor entre os mortos e os moribundos, os drogados, os bêbados e os loucos, e ele pelo menos chora e implora para que o Senhor o ajude, ele entrou no Sétimo Mundo do Zen.

Porque, a primeira das Quatro Nobre Verdades de Buddha é só essa: A Vida é amarga e dolorosa. A menos que essa Verdade seja entendida... não aceita pela fé, mas sabida... não estudada, mas testificada... não assumida pela razão, mas verificada pela experiência, absolutamente e sem qualificação, a menos que a pessoa saiba da cabeça aos pés, até o último fio de cabelo, que a vida é de fato amarga e dolorosa, ele não é sequer um canditato para a libertação Buddhista.

A Primeira Verdade deve ser entendida antes que a segunda verdade possa ser revelada. Viver no Samsara é sofrer. A vida debaixo do jugo tirano do ego é uma batalha sem fim, que não pode terminar em vitória. Pois enquanto vive o tirano, ele nos tiraniza. Somos chicoteados. Salvação, portanto, começa com uma admissão de derrota. (Não com um ato de arrependimento, como alguns teriam, mas meramente uma admissão de derrota. Arrependimento vem em segundo lugar).

Um pouco mais corajoso agora e com um pouco mais de curiosidade, o candidato deve aparecer às portas de um mestre Zen, dizendo que a vida como ele a conhece atualmente não vale a pena ser vivida e que ele procura investir em alguma coisa de valor; ou ele pode dizer que de alguma forma ele perdeu seu caminho na vida e se encontra num lugar onde nada entra em acordo, nada é sincronizado, e onde tudo parece estranho e sem sentido. Ele se arrepende de tudo que já fez e não culpa ninguém pelos seus problemas a não ser ele mesmo. Ele implora por qualquer direção que vá levá-lo para fora do terrível campo de sofrimento. Ele pode usar metáforas de batalha e dizer que o seu mundo está em ruínas, que seu esforço na vida o deixou ferido e sangrando terrivelmente, e que ele já não tem força suficiente para continuar a luta. Ele pode adicionar, quase como um desafio final, que ele vem ao Buddhismo porque não tem mais nada a perder e nenhum outro lugar para ir.

Ao som destas palavras o coração do mestre vai começar a se mover e a se comover como uma bandeira de oração num vento forte; e em qualquer que seja a língua que ele fala, ele irá sussurrar, "Obrigado, Senhor"

O mestre sabe que a vida do ego é verdadeiramente amarga e que um homem deve aprender por si mesmo a estupidez de acreditar em outra coisa.

No dicionário da salvação, Desiludir-se vem antes de Acordar.

O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 6: O espaço entre o sexto mundo e o sétimo, Página 3 de 3
 

 
ltima modificao: September 20, 2009
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