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Meio de Vida CorretoHá limitações que um budista deve se impor. Enquanto ele pode ser um caçador, se ele acredita que a carne será comida, espera-se que não se associe com os esportes frívolos sangrentos ou caça predatória. Há pessoas, por exemplo, que usam pombas para tiro ao alvo ou que matam raposas para diversão. O preceito de não violência proíbe as pessoas de participar de matanças por diversão, uma vez que a matança maldosa de animais é indiscutivelmente cruel. No entanto, ajudar outros a matar por diversão é honesto e legal. Muitos homens de família trabalham para proprietários rurais que em certas ocasiões caçam raposas. O que eles devem fazer quando recebem a ordem de preparar para a caça? Se demitir ou se deixar ser mandado embora? E que tal sobre o criador dos cachorros e o ferreiro? Eles também contribuem com suas habilidades para a caça. Se a única maneira neste mundo que um homem consegue para ganhar sua vida e alimentar sua família é levar pessoas num safari, bem... nós temos que esperar que ele verifique que nenhuma fêmea amamentando seja morta e que nenhuma morte seja cruel, mas nós não podemos pedir a ele para se retirar do nosso grupo de budistas ou abandonar suas responsabilidades junto a sua família. Além disto, o guia não está sozinho quando ele empresta os seus talentos à matança e não pode ser escolhido para críticas. O caçador pode ter sido equipado por um vendedor de artigos esportivos e transportado ao local do safari através dos serviços de um bom agente de viagem e um piloto devoto. Um funcionário decente pode ter vendido sua licença de caça. O que nós estamos perguntando aqui? Pilotos budistas devem se recusar a voar até Nairobi? Um budista pode fazer ou ajudar num aborto? Boa pergunta. (Minha resposta pessoal é, "Deus, eu espero que não.") Mas... é honesto, é legal e às vezes mais compaixão é mostrada ajudando num aborto do que negando o procedimento. Os profissionais da saúde têm que decidir por eles mesmos, se eles consideram interromper uma gravidez no início um ato de homicídio ou não. A lei mais ou menos declara que se uma criança pode sobreviver por conta própria, sua vida não pode ser terminada. Por esta razão, gravidezes no terceiro trimestre normalmente não são nem mesmo consideradas. Em algumas sociedades não sofisticadas, um bebê não existe como um ser humano até receber seu nome. Se a mãe não têm comida suficiente para sustentá-lo, ela o deixa morrer anonimamente. Onde há remédios ou habilidades, abortos são feitos. Nenhuma sociedade existiu sem praticar aborto e infanticídio. Algumas sociedades são, porém, mais habilidosas que outras e matam menos mulheres. Em última análise, este é o ponto. Abortos legais são pelo menos seguros. Onde o aborto não é legal, os ricos possuem recursos para ir aonde é legal e obter um procedimento seguro. Os pobres, retirados das tradições de culturas nativas, são sujeitos ao charlatanismo frequentemente letal de abortadores de um beco. Porém, abortos não são e nunca podem ser nada além de um último recurso. Ele não é um substituto aceitável para a pílula anticoncepcional ou outros métodos de controle de natalidade. Em "O Espelho Vazio", Janwillem Van de Wetering conta as suas experiências fascinantes num mosteiro Zen Japonês. Ele relata como os aldeões frequentemente traziam seus gatinhos não desejados ao mosteiro. A tarefa de se livrar deles ficava com um sacerdote Budista que os colocava em um saco e os afogava. O que mais esse sacerdote poderia ter feito? Ter uma grande cobra como bicho de estimação no mosteiro, jogar os gatinhos para os cachorros, ou deixá-los morrer de fome? Pessoas que ficam indignadas com a solução do sacerdote têm vivido tempo demais na estratosfera. Escolhas práticas e difíceis de vida ou morte têm que ser feitas. Certamente os aldeões sabiam ou suspeitavam que os gatinhos estavam sendo mortos. Mas eles fizeram o que tantos de nós fazem. Nós não temos "o coração" ou nós somos "religiosamente contra" fazer uma tarefa particularmente odiosa. Então, nós nos absolvemos da culpa jogando a tarefa nas costas de uma outra pessoa. Uma pessoa que vai trabalhar todos os dias faz escolhas e compromissos. Tão complexa é a rede de comércio, indústria, e serviços profissionais que é frequentemente impossível se estabelecer uma linha de distinção entre ocupações aceitáveis e não aceitáveis. Um homem Chan deve viver numa sociedade e o que é legal na sociedade, é legal para ele. Se ele não gosta da lei, ele pode tentar por meios legais alterá-la. Se ele acha uma profissão pessoalmente repugnante, ele deve não praticá-la; mas ele não deve punir ou condenar alguém, cujas opiniões são diferentes das suas. Simplesmente, não há outra maneira realista de estar de acordo com A Maneira Correta De Ganhar A Vida. No mundo todo, não há nada mais repugnante que um líder religioso moralmente superior, que toma dinheiro daqueles cujas profissões ele acha repreensíveis, que gosta de luvas finas de couro, que ele supõe terem vindo de árvores de couro, que exige uma sociedade ordeira enquanto denigre as mãos que fazem o trabalho sujo de mantê-la, que vive ricamente onde não há ratos, mas proíbe os pobres de livrar-se deste tormento, e daí em diante. Um religioso assim é um hipócrita profissional, com um ganha-pão muitos níveis abaixo das formas mais conservadoras de prostituição.
O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 15: A Maneira Correta de Ganhar a Vida, Página 1 de 2 |
ltima modificao:
September 20, 2009
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