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Os Seis Mundos do Samsara
Seus desejos são tão intensos que para satisfazê-los ele nunca recusará nada como sendo muito tolo, bizarro ou perigoso. Ele irá usar drogas, escalar montanhas, flutuar em tanques de isolamento, atravessar desertos, acampar em cavernas, apoiar seu corpo sobre sua cabeça, cantar, pintar, usar chapéus de pirâmide, ser hipnotizado, consultar tábuas ouija e baralhos de tarot e se unir aos mais absurdos cultos imaginaveis. Ele começa cada novo empreendimento com enorme entusiasmo; mas então, depois de ler uns poucos livros, comparecer a alguns encontros ou praticar umas poucas horas, se ele não experimenta o satori, ele se move para alguma outra coisa. Se nós o encontrarmos em janeiro, ele estará se unindo a um ashram para aprender Yoga. Em junho ele terá escolhido uma aproximação mais científica e estará tomando lições de biofeedback. Em dezembro ele terá se tornado um noviço em um monastério Chan, onde na segunda ele terá dedicado sua vida a recitar os nomes de Buddha, na terça ele terá se comprometido a viver anos meditando sentado e silenciosamente, na quarta ele caminha pelo jardim refletindo sobre as possíveis soluções para um koan que decidiu dedicar toda a sua vida a analisar, se for necessário; mas de qualquer maneira, na quinta ele terá descoberto que tudo o que é necessário para se atingir o Nirvana é a prática da mente vazia, e então ele decide se entregar a uma vida de eterna vigilância. Repetidamente ele tenta isso e junta-se àquilo. Logo, possui uma invejável biblioteca e recebe tanta correspondência internacional que os funcionários do correio e colecionadores de selos têm uma verdadeira idolatria por ele. Conforme passam os anos, ele se torna o que, em seu coração, ele está atualmente tentando ser: um compêndio de esoterismo, um catálogo de técnicas, uma enciclopédia de crenças, um livro de amostra do oculto e uma antologia de práticas religiosas. Tendo tanta informação em suas mãos, é tratado como um expert, uma "referência". Se tiver alguma vez pago taxas para uma organização religiosa, ele terá a autoridade, ou assim o crê, de discutir isso com o status de algum de seus membros. E, além de tudo, ele está sempre feliz de dividir sua experiência precisamente porque tem o zelo peculiar a todos os colecionadores de oferecer informação, opiniões, referências, conselhos e anedotas. Essa é sua estratégia para obter atenção e status. No bazar das religiões, o Fantasma Faminto é o proprietário de um quiosque popular. Ele oferece familiaridade com algum assunto como se fosse intimidade com o mesmo, o superficial como se fosse profundo, e tudo em uma variedade espetacular. O Chan do Demônio. Esse é o Chan das aparências. É o Chan dos Impostores. Aqueles que o fazem protestam veementemente contra a acusação, mas as pessoas que praticam isso estão meramente posando como pessoas religiosas. Criminalmente vãos e sem cérebro nenhum, Demônios acreditam que parecer-se com algo é ser algo. Eles assinam sem problemas o ditado do alfaiate "a roupa faz o homem".
O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 5: Os Seis Mundos do Samsara, Página 8 de 13 |
ltima modificao:
September 20, 2009
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