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Início : Literatura : O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
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Kannon (Guan Yin)

Os Seis Mundos do Samsara

O nome Demônio vem do terrível inferno que esses atores sentem, na pele, a cada vez que são forçados a sentar em silêncio durante longos períodos de meditação. Eles não têm mais usos para a meditação do que têm para seus trabalhos manuais. Procissões e cerimônias são seu forte, e eles se preparam para tais ocasiões com mais solenidade e exigência do que é exigido para um Hara Kiri. Ainda que a satisfação que eles obtêm da religião esteja limitada às aparências, ela nunca é pouca. Nós todos sabemos como sentimos prazer quando estamos vestindo roupas nas quais nós nos achamos particularmente atraentes. Também sabemos que esse prazer é intensificado se as roupas pertencem a um grupo de elite no qual nós, despidos, jamais sonharíamos poder nos incluir. Mesmo que sejamos incapazes de correr uma milha em menos de duas horas, a combinação de um traje esportivo caro e um par de tênis de corrida irão passar a idéia de que nós somos dedicados atletas. Mesmo que estejamos certos de que Shangri-La é um porto no sudeste da China e que o Hilton associado a ele é um hotel, nós precisamos apenas de um suéter e uma boa jaqueta de lã com protetores de camurça nos cotovelos para que sejamos considerados legítimos intelectuais universitários. E com a mesma vulgaridade túnicas budistas podem ser vestidas; assim, mesmo que tenhamos a humildade e compaixão de um delinquente do Bronx, uma toga negra irá assegurar que nós possuímos boas virtudes. Mesmo que sejamos tão cautelosos sexualmente quanto um alce no cio, um manto irá convencer ao mais cruel dos cínicos de que somos praticamente virgens. Ainda que sejamos tão diabólicos e manipuladores que utilizemos as intrigas de Maquiavel para comprar um simples selo, mesmo assim nossos pobres chinelos de pano demonstrarão nossa simplicidade.

Não importa se a pessoa que pratica o Chan dos Demônios abraça a religião porque está compensando uma natureza maligna, ou se não é assim de todo, mas simplesmente vazio e só está enchendo essa vacuidade com a religião. Ele pode, de fato, ser tão desprovido de conteúdo quanto os manequins que são seus guias e fontes de inspiração. Ele pode não acreditar em uma única sílaba do credo nem sentir uma única gota de amor ou piedade por qualquer criatura viva a não ser ele mesmo, mas deixe-o apenas vestir-se propriamente e fazer uma expressão piedosa e ele irá encontrar sua essência e significado nos olhares de aprovação de todos os que o observam.

Esses são os tipos que habitam os seis mundos do Samsara.

Depois disso tudo, pode parecer que um monastério é o último lugar no mundo onde podemos esperar encontrar uma única pessoa genuinamente religiosa; mas na verdade, nós podemos e realmente encontramos muitos santos em tais lugares. Eles passam por nós sem ser anunciados por tambores ou trombetas. O som que eles fazem é o que São João da Cruz chamou de "música silenciosa", e nós devemos nos esforçar para que possamos ouvi-la. No Chan, nada é alcançado sem atenção.

O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 5: Os Seis Mundos do Samsara, Página 9 de 13
 

 
ltima modificao: September 20, 2009
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