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Início : Literatura : O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
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Kannon (Guan Yin)

A Respiração Curadora 1:4:2

A postura de lótus é difícil. Se você não sabe como ficar nela, as instruções a seguir podem ajudar:

1. Sente em uma almofada ou travesseiro pequeno, razoavelmente duro, um que eleva o osso da base da espinha algumas polegadas. Isto permite uma postura de "três pontos", onde o peso do corpo fica distribuído entre a coluna e os joelhos. Esta postura é mais fácil de manter que a versão Indiana tradicional de sentar em lótus em uma superfície plana (sem almofada). Sente apenas na beirada da almofada.
2. Empurre as costas para a frente o máximo que puder. O peito deve ser inclinado bem à frente. Isto muda o eixo pélvico para um ângulo mais favorável.
3. Ponha o tornozelo direito sobre a coxa esquerda. (As coxas e joelhos deve apontar para a frente, não para fora como em outras variantes da postura de lótus). O joelho direito deve tocar o chão. Não continue até que o joelho direito esteja devidamente colocado no chão, pronto para aguentar seu peso.
4. Dobre a perna esquerda, trazendo o pé para o joelho direito. Segure o pé e com cuidado o puxe para acima do joelho direito. Tenha o cuidado de não usar força demais. Comece a contar. Inicialmente, haverá uma quantidade natural de dor associada com a posição. Quando a dor for muito grande, empurre com cuidado o pé esquerdo. Se na segunda a contagem chegou a três, tente conseguir quatro na terça e cinco na quarta. A articulação do joelho vai aos poucos se soltando. Em algumas semanas, lótus completo pode ser conseguido por cinco minutos ou algo perto disso. Em alguns meses, meia hora pode ser conseguida.

Claro, assim que for possível sentar confortavelmente em lótus, as costas se relaxam em uma postura ereta mas equilibrada (sem inclinações ou curvas). Deve-se tomar cuidado para não se pender para um lado. As mãos podem simplesmente descansar sobre as coxas ou, palmas para cima, a mão direita pode ficar sobre a esquerda, polegares tocando-se gentilmente. Como aprender a postura de lótus é difícil e cansativo, os esforços para conseguir ficar nela devem ser feitos depois, e não antes de uma sessão de meditação. (A dor ativa o sistema simpático, uma proibição na meditação).

A postura de lótus é o "assento" tradicional nos zendos japoneses. Nos monastérios Ch'an chineses, o assento taoísta (meio-lótus) normalmente é usado. Professores na maioria das instituições ocidentais não se importam com o que uma pessoa faz com as pernas, mas são muito meticulosos quanto aos mudras (a posição das mãos), e frequentemente ficam injuriados se as mãos de um devoto não estão de acordo com as especificações. (Tive minhas mãos golpeadas, puxadas e ajustadas em não menos que quatro diferentes salas de meditação). A maior fonte de conflito envolve qual mão fica abaixo da outra: deve a direita ficar sobre a esquerda ou vice versa?

Livros são sem dúvida uma fonte de confusão. As chapas fotográficas às vezes são invertidas pela gráfica de modo que as mãos do Buddha ou Bodhisattva apareçam do modo oposto ao que realmente são. As pessoas aprendem por fotografias e acreditam estar duplicando um autêntico mudra.

Há muitas razões para se colocar a mão direita sobre a esquerda. Primeiro, como evidenciado pela posição 'em guarda' dos artistas marciais, a mão direita, contraída em um punho cerrado (palma para baixo, com polegar e indicador voltados para o peito) representa o poder enquanto a esquerda, ficando aberta, palma para baixo, sobre os nós dos dedos da mutra mão, representa o intelecto. Esta posição significa que o poder da pessoa está governado pelo seu cérebro.

Quando, no entanto, o guerreiro se torna um suplicante ou devoto, o punho fechado se abre e a palma é voltada para cima mostrando que não é e nem contém uma arma - a razão essencial pela qual nas sociedades ocidentais os homens apertam as mãos direitas quando se cumprimentam. O punho direito, enquanto a mão esquerda ainda está ainda sobre os nós dos dedos, é simplesmente invertido e os dedos gentilmente abertos. Esto significa o estado receptivo da meditação. (Lembre que o poder é feminino e receptivo. No Capítulo 1: Shakti/Shiva - o poder e a lei à qual ele obedece.)

Segundo, como evidenciado na iconografia Buddhista, os diversos Buddhas associadas aos vários chakras são reconhecidos principalmente pela posição de suas mãos. Os primeiros quatro Dhyani Buddhas - Leste, Sul, Oeste e Norte, são sempre mostrados com a mão esquerda descansando à frente da cintura enquanto a direita faz os quatro mudras básicos: tocando a terra (palma para baixo com os dedos tocando a terra), dando (palma para cimacom unhas tocando a terra). recebendo (palma para cima, sobre a mão esquerda), e tranquilizando (mão levantada, palma voltada para fora).

O Zen é um ramo do Mahayana, e como Buddhistas Mahayana somos particularmente devotados ao Buddha Amitabha, O de Infinita Luz e Senhor do Oeste, e seu divino fruto (filho/a), o salvador/Bodhisattva Avalokitesvara Guan Yin (Kwannon). Normalmente estes Buddha e Bodhisattva são mostrados com suas mãos no mudra acima - palmas para cima, a mão direita sobre a esquerda.

Aqueles que ainda assim preferirem colocar a mão esquerda sobre a direita estão livres para fazê-lo.

De todas as posturas, a de lótus é a mais conduz ao relaxamento. Sua vantagem pode ser a de colocar o peso sobre certos pontos de pressão do corpo, talvez ao longo de meridianos de acupuntura. Endorfinas e outras substâncias químicas são liberadas quando estes pontos são estimulados.

Já que a calma é essencial para o sucesso do exercício, cafeína e outros estimulantes devem ser evitados. Se você começa o dia com café ou chá você deve fazer sua prática antes do café da manhã. Se não conseguir, então deve esperar até que o efeito do café tenham passado.

Certos medicamentos, como antiestamínicos, frequentemente interferem com a habilidade de uma pessoa para se concentrar. Isso deve ser levado em conta antes do início da prática.

Sinais de progresso incluem: 1. Um sentimento, ao exalar, de um delicado formigamento nos ombros; 2. Uma inabilidade de manter a contagem direito devido à "queda" em um estado de pacífica vacuidade da mente; 3. A formação no campo de visão (atrás das pálpebras fechadas) de formas que rodam, ondulam e cuja luz tremula em cinza ou cores iridescentes; 4. Uma sensação envolvente como se o cérebro quisesse rodar; 5. Um sentimento de estar suspenso dentro de uma nuvem ou névoa dourada; 6. Um lapso num prolongado períodode nenhuma ou quase nenhuma respiração; 7. O ouvir de sons não usuais como o soar de um gongo, um trovão, zunido ou uma voz autoritária mas gentil que guia e encoraja; (se, no entanto, vozes bravas, argumentativas, ameaçadoras são ouvidas, a prática deve ser descontinuada e não se deve tentar de novo senão na segura presença de um Mestre Ch'an. Não brinque com isso. Muitas pessoas experimentam alucinações horríveis); 8. A perda da noção de tempo - uma inabilidade para dizer quanto tempo se passou durante o exercício; 9. Movimento dos olhos para cima; 10. Sensação de entorpecimento nas mãos, como se estivesse usando luvas; 11. Poucas mas extremamente claras figuras (como de uma sala ou paisagem) indo e vindo na consciência; 12. Um desenho geométrico em cores claras ou em um branco brilhante, fascinante preenchendo o campo de visão (os olhos ainda fechados); 13. Muita salivação; 14. Um sentimento de euforia depois do exercício.

O progresso em uma prática meditativa pode também ser medido por uma dramática queda na tensão nervosa e a habilidade de se livrar de dependência em álcool, tabaco, tranquilizantes ou remédios para dormir.

Uma advertência final: A prática nunca deve ser discutida com qualquer um. Iniciantes não parecem resistir ao impulso de recomendar sua prática aos outros. A penalidade que pagam por essa falta de disciplina é que eles rapidamente perdem sua habilidade de se concentrar. Tornam-se observadores e comentadores da própria prática. Ao invés de apenas fazer o exercício, assistem a si mesmos fazendo o exercício, pensando em cada passo e julgando sua performance até que caem em um fluxo de consciência e começam a pensar em milhares de coisas. Nesse ponto, a mente pula como um "macaco bêbado" e a prática está arruinada. Pode levar anos de trabalho duro até ganhar novamente a habilidade que foi desperdiçada em alguns minutos de inocente tagarelice. Novamente, nunca discuta uma prática meditativa com qualquer um a não ser um mestre Ch'an ou um médico.

Variação da Respiração Curadora

Concluímos este capítulo com uma variação da Respiração Curadora que, apesar de mais avançada, é usada com muitas vantagens junto com a Respiração Curadora. Neste exercício os pulmões são mantidos vazios ao invés de cheios. Normalmente, muitos ciclos da Respiração Curadora são seguidos por um mesmo número de ciclos da variante.

Simplesmente exale por 8 segundos, deixe os pulmões vazios por 16 segundos, e inale por 4 segundos e imediatamente repita. Não se esforce demais para manter a proporção. Se não puder manter os pulmões vazios por 16 segundos, reduza para 12, 8, ou mesmo 4 e tente com o tempo chegar a 16, sem espírito de competição.

O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 10: Prática, Página 4 de 4
 

 
ltima modificao: October 14, 2013
©1996 Ming Zhen Shakya (Chuan Yuan Shakya)
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