Os Seis Mundos do Samsara

Essa descrição das coisas vistas através da intervenção do ego é a distorção da realidade, Samsara ou Forma. Não há uma diferença intrínseca entre Forma e Vazio. Nós é que meramente os percebemos de maneira diferente. Tanto no Samsara como no Nirvana, a sala era a mesma. Mas no Nirvana não havia julgamento ou avaliação. Não havia memórias ou planos, nem "antes e depois", nem "o que é usado para", ou "o que deverá ser", ou "o que deveria ser". Não havia um "eu" ou um "meu" cheio de preconceitos. No Nirvana há somente o "é". E toda a percepção do que "é" é direta, espontânea, e, quando isso acontece, acompanhada por uma profunda alegria e serenidade.

Nós falamos sobre seis mundos do Samsara por causa dos seis tipos de seres humanos que os habitam. As pessoas são classificadas de acordo com a maneira pela qual seu ego faz a distorção da realidade. Cada tipo de "mundo" representa um tipo de adaptação, uma padrão de resposta ou método de lidar com as exigências da vida. Cada indivíduo, desde sua infância em diante, através de tentativas e erros, determina que tipo lhe cai melhor e é mais eficiente para que ele obtenha a atenção e o status que deseja. Os seis mundos, então, podem ser considerados seis estratégias básicas de sobrevivência. (Sua identificação, aliás, constitui o mais antigo sistema psicológico da história).

No Budismo, nós aprendemos a reconhecer essas seis estratégias como não apenas aquilo que podemos identificar em outros, e assim ajudar por meio de conselhos que podem ser úteis se nossas observações forem objetivas, úteis e não-acusatórias, mas também o que podemos aprender a identificá-las, em nós mesmos, cada vez que as usamos para enfrentar responsabilidades, para fazer as outras pessoas agirem de acordo com nossos maiores interesses, para conseguir as vantagens que desejamos, e assim por diante.

No mundo cotidiano da existência samsárica, cada pessoa em cada sociedade usa uma dessas estratégias. Mas devemos primeiro descrevê-las como são encontradas na vida religiosa. Nos monastérios, templos e Centros de Chan, onde há monges e devotos envolvidos na roda samsárica, diz-se, em tom de brincadeira, que eles estão praticando o Chan dos Seis Mundos.

Essas seis classificações são: Chan do Fantasma Faminto, Chan do Demônio, Chan do Humano, Chan do Animal, Chan do Titã e Chan do Anjo. Repetimos que esses não são modos de Chan , mas apenas meios de adaptação usados pelos egos que têm pretensões religiosas (no Zen japonês essas classificações são chamadas, respectivamente: Gaki, Jigoku, Ningen, Chikusho, Shura e Tenjo. Na "Roda da Vida" tibetana as seis classificações são: Pretas, Infernos, Homens, Animais, Titãs e Deuses.)

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