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Os Seis Mundos do Samsara
É claro, nenhum indivíduo consciente pode funcionar sem um senso de identidade. O ego sobre o qual estamos falando é aquele que valoriza a si mesmo e julga e dá valor a si mesmo assim como todas as pessoas e coisas relacionadas a ele. O ego é, portanto, uma ficção. Ele não existe realmente. Ele é um general-fantasma que deve ser retirado de seu comando sendo demitido, reformado ou assassinado. Esse processo de eliminação do ego, que monges e freiras cristãos chamam de "morrer em si mesmo" e que os budistas algumas vezes denominam "matar o tolo", é longo, tedioso e, por definição, humilhante. No modo ideal de Chan, o mestre conversa a sós, todos os dias, com cada uma das pessoas sob seu encargo. Para aqueles que praticam o Chan do Sétimo Mundo ele passa exercícios desenvolvidos para guiá-los a estados controlados de concentação, meditação e samadhi. Para os que praticam o Chan do Oitavo Mundo, ele geralmente passa um enigma frustrante (o koan), prática que levará o ego a rapidamente aniquilar a si mesmo (satori). Mas para aqueles que estão nos seis mundos, o mestre tem que retornar ao básico. Durante audiências com essas pessoas, ele começa o processo de eliminação do ego determinando em qual dos seis segmentos do Samsara o noviço se inclui. Então, ajuda o noviço a confrontar a verdade acerca de si mesmo. Sem essa confrontação, não pode haver progresso. O noviço deve ver, por si mesmo, como elabora uma estratégia de sobrevivência particular para atingir seus objetivos, e como o uso dessa estratégia constitui um inimigo ao seu desenvolvimento espiritual. O mestre usualmente espera por um milagre e, para facilitar que isso aconteça, passa um exercício de meditação, mas é principalmente através da inspiração e seu exemplo, e por suas instruções e advertências, ao mesmo tempo gentis e severas, que o mestre está apto a levar o noviço a uma maior auto-percepção e a mudanças. A dificuldade dessa tarefa é ilustrada na estória Chan do mestre e os três noviços. O mestre os cumprimenta por seus novos cargos e lhes diz que a primeira disciplina espiritual sobre eles imposta, desde já efetiva, é a regra do silêncio absoluto. Quando o mestre acena e se vira, o primeiro noviço diz: "Oh, Mestre. Eu não tenho palavras para dizer-lhe quão feliz estou de receber sua instrução!". Nisso o segundo noviço diz, rispidamente: "Seu tolo! Você não percebe que dizendo isso você quebrou a regra do silêncio?" E o terceiro noviço ergue as mãos e lamenta: "Deus! Sou o único por aqui que pode seguir corretamente as ordens?"
O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 5: Os Seis Mundos do Samsara, Página 12 de 13 |
ltima modificao:
September 20, 2009
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