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Os Seis Mundos do Samsara
O Samsara é, ele mesmo, um combate permanente. Cada segmento é uma zona de guerra. E a causa do conflito é o ego, que, por sua natureza, vive em um perpétuo estado de desejo, de busca por amor, fama e poder, e, infelizmente para todos nós, não há muita cautela na maneira como isso é obtido. Para ter sucesso em suas ambições, pode-se mentir, trapacear, roubar, trair, matar, e de uma maneira geral manipular os outros egos sem a menor compaixão. Se no curso desse desenvolvimento por acaso se percebe algum resquício de lealdade, gratidão ou generosidade, então pode-se exigir a fama de ser agradecido, generoso ou leal. Mas quando se percebe que tais virtudes não conferirão qualquer vantagem imediata, é direito do Número Um dispensar esses sentimentalismos. Aparentemente, atos altruísticos são demonstrados porque o ego deseja a estima que essas ações geram, e por isso não são atos genuinamente altruísticos. Por outro lado, os atos altruísticos que são feitos por amor verdadeiro e sem interesse são atos que realmente transcenderam o ego e, assim, não são samsáricos. É possível que alguém espere que, depois de haver lutado inescrupulosamente durante metade de sua vida para atingir algum objetivo que deseje, depois de finalmente tê-lo atingido, goze de tal sucesso por mais de duas semanas? Não. No momento que o ego atinge aquilo pelo qual estava lutando, ele desvaloriza o que alcançou. A meta perde sua fascinação e o decepcionado e competitivo ego rapidamente põe seus olhos sobre outro desafio, ainda mais difícil de ser alcançado. Viver nos Seis Mundos do Samsara é viver em conflito constante, vencendo algumas batalhas e perdendo outras, mas nunca conseguindo manter-se em paz. A roda do destino gira sem parar, posse após posse, relacionamento após relacionamento, uma conquista após a outra. Assim é a vida sob a tirania do ego. Piedade ao pobre mestre Chan! Ele fez o voto de nunca descansar até que tenha libertado do Samsara todos os que estão sob sua responsabilidade . Além de guiar discípulos de boa fé (7º e 8º Mundos do Chan) para a realização Nirvânica, ele deve também guiar em segurança todos os monges e monjas dos Seis Mundos em seu monastério para fora de sua vida imersa no ego. Essa não é uma tarefa fácil. Durante todo o tempo em que uma pessoa acreditar em si mesma, isso é, na auto-suficiência de seu ego para levá-la a uma existência de paz, alegria e liberdade, ela não poderá ser libertada. Durante todo o tempo em que uma pessoa pensar que seu ego consciente está controlando a sua vida e que ele pode lutar com as falhas e sucessos, ele não poderá ser libertado. O desejoso ego e o Espírito (Natureza Búdica) são entidades mutuamente exclusivas. Onde uma está a outra não pode estar.
O Sétimo Mundo do Buddhismo Chan
Capítulo 5: Os Seis Mundos do Samsara, Página 11 de 13 |
ltima modificao:
September 20, 2009
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